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Acidentes e mortes no trabalho refletem o desprezo do sistema capitalista pela saúde e a vida dos assalariados
O capitalismo é fonte de inúmeras tragédias para a classe trabalhadora e a humanidade.
Afora as guerras que promove, a corrida armamentista e a progressiva destruição da Natureza, o sistema que tudo transforma em mercadoria e tem por força motriz a obsessão pelo lucro máximo é caracterizado pelo desprezo à saúde, à segurança e a vida dos trabalhadores e trabalhadoras que explora.
Isto transparece no capitalismo nativo nas estatísticas sobre acidente de trabalho, entre outras.
Tragédia cotidiana
De acordo com levantamento do Observatório de Segurança do Trabalho, do MPT, um ser humano morre a cada 3 horas vítima de acidente de trabalho no Brasil.
É uma tragédia cotidiana vivida pelas famílias pertencentes à classe trabalhadora. São Paulo lidera este ranking macabro, que nem sempre é abordado com a seriedade e o destaque que o tema, vital para dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras, merece.
Conforme o G1, o Observatório reuniu dados entre 2012 e 2022. Neste período, o país contabilizou mais de 7 milhões de acidentes de trabalho com trabalhadores registrados pela CLT. A média é de um caso a cada 51 segundos. Se forem computados os acidentes verificados no setor informal da economia a dimensão da tragédia se revelará ainda maior.
São Paulo
Do total de acidentes computados, mais de 28 mil resultaram em óbitos. Estima-se que mais de R$ 150 milhões foram gastos com afastamentos de funcionários por conta dos acidentes.
Estado mais populoso e também mais rico do Brasil, São Paulo lidera nos indicadores de acidentes de trabalho e mortes. Segundo a pesquisa, de 2012 a 2022 foram registrados mais de 570 mil acidentes de trabalho, que resultaram em mais de mil mortes no estado.
Os acidentes mais frequentes envolvem corte, laceração, ferida contusa, punctura, fratura, contusão, esmagamento, distensão e torção. Entre as atividades mais envolvidas, a área hospitalar tem destaque com mais de 80 mil notificações.
Normas regulamentadoras
As estatísticas refletem o descaso do patronato brasileiro para com a segurança, a saúde e a vida dos assalariados, aos quais só quer explorar, extraindo o que Karl Marx chamou de mais-valia (ou mais-valor), o excedente de valor que o trabalhador produz em relação ao salário e benefícios que recebe pela venda de sua força de trabalho ao empregador.
O Brasil possui uma ampla legislação sobre segurança no trabalho em todos os âmbitos, que foi resultado da luta de classes em oposição à burguesia.
Atualmente, são 38 normas regulamentadoras que consistem em um conjunto de orientações e procedimentos com o propósito de trazer mais segurança e qualidade de vida para os trabalhadores. As medidas visam proporcionar um ambiente de trabalho seguro e sadio, além de prevenir ocorrências de doenças e acidentes do trabalho.
O lucro acima da vida
O problema é o descaso e a oposição do patronato à aplicação dessas normas, conduta que ajuda a explicar a ocorrência de um número tão escandaloso de acidentes. Sinal de que o lucro vale bem mais do que a vida de um trabalhador para o capitalista.
Thalita Souza, técnica de Saúde e Segurança do Trabalho e colaboradora da equipe do SOC, um software especializado em Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho (SST), frisa a necessidade de ser rigoroso na aplicação das normas regulamentadoras para prevenir tragédias.
“As empresas devem seguir o que a Norma Regulamentadora 1 (NR-1) exige, quanto à prevenção dos acidentes de trabalho. Também, é importante pensar em conjunto com a área da saúde, de modo que consigam identificar os riscos e mapear os exames ocupacionais necessários para a saúde do colaborador”.
Situação piorou sob Temer e Bolsonaro
A situação piorou para a classe trabalhadora após o golpe de 2016 liderado por Michel Temer, quando o neoliberalismo foi restaurado e a fiscalização das condições de trabalho foi afrouxada ou, na gramática enganosa do sistema, “flexibilizada”.
O neofascista Jair Bolsonaro, cujo desprezo pela saúde do nosso povo ficou mais do que demonstrado durante a pandemia do coronavírus, foi além.
Depois de extinguir o Ministério do Trabalho, chegou a alardear que “revogaria” 90% das normas regulamentadoras de saúde e segurança do trabalho.
Foi duramente combatido por representantes da classe trabalhadora e do Ministério Público do Trabalho e não chegou a tanto, mas tratou de revisar várias NRs em detrimento da segurança dos assalariados e com o objetivo de reduzir custos e ampliar os lucros capitalistas.
Quem está pagando o pato, com uma vítima de acidente a cada 51 segundos e uma morte a cada 3 horas é a classe assalariada, teoricamente protegida pela CLT. Falta ainda registrar, e somar, os números do mercado informal de trabalho.
Foto: Reprodução/internet
Fonte: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB
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